Anteriormente na mandajobs
Oi, pessoas que assinaram a mandajobs, sejam muito bem vindas! Antes de começar essa nova versão, gostaria de dividir alguns dos conselhos e casos que as pessoas deixaram na mandajobs original, lá em 2017.
Claro que 2017 era outra realidade, mas sigo acreditando em tudo que aprendi por lá. Então, montei uma edição-prólogo frankenstein, com algumas verdades, indagações e divagações de millennials e trabalho.
Espero que gostem! Para apoiar a newsletter, indiquem pros seus amigos. E se quiserem conversar ou escrever nesse projeto, só mandar um email pra lorenabpv@gmail.com
abraços,
“A ideia dessa newsletter surgiu com uma conversa em que eu tentava explicar porque é importante pagar estagiários, já que eles têm contas também e experiência não paga boletos, ainda mais experiência que toma grande parte do seu dia. A pessoa com quem eu conversava argumentava que estagiário precisam demonstrar que valem a pena, porque jovens são muito mimados e etc. Pensando no estereótipo "millennials mimados matam indústrias" e em como isso se espalhou, resolvi criar algo que trouxesse outras narrativas.”
edição 1, Lorena
“É muito legal trabalhar em uma empresa descolada, é muito bonita a teoria de se importar com o bem estar do colaborador, mas não dá certo enquanto você trata todo mundo como um só e esse “um só” não passa de um padrão que, no fim das contas, abaixa a cabeça e não tem coragem de falar as coisas que acontecem.
Sabe onde foi que eu errei? Eu falei demais. Eu pisei nos calos errados. Eu não tive “maturidade empresarial” o suficiente pra abaixar a cabeça e ficar quieta, mesmo quando eu estava levando porrada atrás de porrada. Robô não sente, então porque eu deveria sentir?”
edição 2, Liz Mendes
“Todos os meus colegas se descrevem usando vírgulas. "Escritor(a), livreiro(a), padeiro(a) amador(a)"; "engenheiro(a), chef, designer de casas mal assombradas"; "recepcionista de dia, cosplayer de noite"; "produtor(a) de vídeo, escritor(a) transmídia". Nós vemos nossos hobbies, paixões, bicos e projetos criativos como partes importantes de nossas vidas, inseparáveis do que fazemos para ganhar dinheiro. Tomar controle de nossas narrativas é a resposta para um clima econômico que força tantos de nós a fazer transigências no tipo de trabalho que nós fazemos.
Abraçar uma identidade hifenizada não é só um mecanismo de autodefesa — é uma decisão de carreira inteligente.
Atenção, empregadores: nós nunca vamos ser uma coisa só. E deixem-me dizer porque essa é a maior sorte que vocês vão ter:
Diferenças são animadoras. Especificidade é um superpoder. Singularidade é uma posse com valor monetário para negócios— então por que não tratamos funcionários da mesma forma? Ao invés de contratar a opção segura com currículo certinho, contrate pela diferença! Tente alguém com uma intersecção inesperada de habilidades, experiências e interesses.”
edição 3, Amanda McLoughlin: Amanda é produtora de conteúdo, pessoa-da-internet e fundadora do Multitude, um estúdio/coletivo de podcasts
“A academia se entende como uma vocação, uma identidade:
—O que você faz?
—Sou acadêmico. Sou professor.
Sempre substantivos, nunca verbos.
Imagine esta resposta:
—O que você faz?
—Ensino e escrevo.
Melhor, não é?
Nós americanos somos particularmente famosos pela nossa relação ridícula com o trabalho. Essa “ética protestante do trabalho” infame se mistura com os horrores típicos do capitalismo moderno para crear a ilusão de que todo isso é normal. Mas uma coisa muito interessante se passa entre nós, os millennials. Nossa geração tem uma crença muito óbvia e completamente revolucionária: “só é o trabalho.” Só é vender seu trabalho. Não é a sua identidade nem a sua vida, mas só o trabalho.
Adotei esta atitude quando percebi, ao fim da minha graduação, que nunca ia terminar. Não há equivalente do “inbox zero” na vida. Sempre há mais que fazer. Esta ética do trabalho aumentará para encher o espaço que lhe der, então não dê-lhe tudo.”
edição 5, Catherine Addington: pesquisadora de teologia e linguística, tradutora, se tornando freira (mesmo) e gringa
“Quando finalmente nós nos formamos pensamos que agora teremos todo o tempo do mundo para sermos o melhor profissional que alguém já viu. O mais inovador, talentoso, com o maior número de programas no currículo, com clientes interessantes e um reconhecimento que vai aparecer logo no primeiro projeto. O que poucos falam é que a maioria precisa ir trabalhar em escritórios de outros profissionais para se sustentar e a maioria não paga bem. Quando pagam.
[…]
As coisas não eram assim e nem deveriam continuar a ser. Mas a questão que me pergunto desde então é: onde muda? Onde começa a mudança? Além de nós mesmas? De alguma forma que até hoje não sei como, mas consegui não desistir da minha profissão - diferente da grande maioria das pessoas que se formou comigo - e ainda consigo ver beleza em muitas coisas. Consigo me emocionar, fazer o que faço com amor, com esperança de que vou mudar a vida de algumas pessoas, construir ambientes que vão moldar histórias da vida de alguém sendo
cenários nos melhores e piores momentos, mas sempre uma lembrança. ‘Aquela casa que eu cresci’ ou aquele sentimento que você tem quando volta para casa da sua avó é, uma das coisas, que sinto que vim para fazer no mundo.
Diferente do que muitos pensam, arquitetura não é algo para pessoas ricas. Arquitetura não precisa ser cara. Existe sim muitos profissionais, em sua maioria jovens, com muitas ideias querendo exercitar tudo que aprenderam para fazer o bem, espacial e estético, para os outros com suas ideias e projetos. Nós estamos prontos para entender, para fazer algum lugar especial com o mínimo possível e construir algo lindo. O que falta é a chance e que a visão mude, tanto das pessoas como em muitos profissionais. A verdadeira arquitetura não está morta. Ela talvez
só esteja perdida no meio de tantos prédios iguais, mas quando olhando com atenção, ela se destaca. Ela brilha. Os mesmo pode ser dito de nós, arquitetos.”
edição 7, Tany Monteiro: arquiteta, mãe do gato Carlos e dona de um dos melhores sensos estéticos que já vi